Mais esclarecimentos sobre Alienação Parental

“(..) muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera no cônjuge o sentimento de abandono, de rejeição, de traição, surgindo uma tendência vingativa muito grande. Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-cônjuge. Ao ver o interesse em preservar a convivência com o filho, quer vingar-se, afastando este do genitor.

Para isso cria uma série de situações visando a dificultar ao máximo ou a impedir a visitação. Leva o filho a rejeitar o pai (ou a mãe), a odiá-lo (a). A este processo o psiquiatra americano Richard Gardner nominou de "síndrome de alienação parental": programar uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. A mãe/pai monitora o tempo do filho com o outro genitor e também os seus sentimentos para com ele.

A criança, que ama o seu genitor, é levada a afastar-se dele, que também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. Restando órfão do genitor alienado, acaba identificando-se com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo que lhe é informado."

Maria Berenice Dias, desembargadora, em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8690

Indicação de Livro 1: Demian, Hermann Hesse

Demian, livro escrito em 1919 pelo autor Hermann Hesse, é um de seus mais importantes, pois é o primeiro daqueles que o levará a escrever sua obra maior Der Steppenwolf (O Lobo da Estepe) e Sidarta, a obra intermediária.

O livro é a autobiografia de Emil Sinclair, alguém que nasceu em um lar harmonioso e envolto pelo conforto da boa educação e dos bons costumes. A grande guinada em sua vida confortável e burguesa se dá quando, por conta de uma mentira que cai nas mãos de Franz Kramer, “um rapaz dos seus treze anos,corpulento e grosseiro”(p.27) que ao chantagear o menino Emil acaba por colocá-lo de frente com um mundo diferente daquele ao qual sua família pertencia, o mundo ideal, para levá-lo ao mundo real.

Para Sinclair este episódio foi “a primeira rachadura nos fundamentos sobre os quais descansara a sua infância e que o homem tem que destruir para poder chegar a si mesmo”(p.35). “Desses acontecimentos que ninguém percebe,é que se nutre a linha axial interna de nosso destino”(p.35).

Sua vida de menino toma novo rumo quando conhece Max Demian. A importância deste é tão grande que vai influenciá-lo por toda sua vida.

É importante destacar a pessoa de Demian: ele “era totalmente diverso de todos e possuía uma marca pessoal e singularíssima que fascinava”(p.46). Era um jovem que emanava uma sabedoria, “milenária, de certo modo alheio ao tempo, selado por idades diversas da que nós vivemos”(p.70). Demian nunca desaparecia por completo do horizonte de Sinclair.

“A ave sai do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer tem que destruir um mundo.”(p.144). A grande mensagem deste livro é esta. E destruir um mundo não quer dizer violência, não, nos fala de romper com o passado e as tradições, de desligar-se do meio exageradamente cômodo e seguro da infância para começar então a busca pela razão de existir.

A história do amadurecimento de Sinclair não diz respeito a uma aristocracia intelectual; não se refere a pessoas que se julgam cultas e superiores o bastante para não se relacionarem com as outras pessoas, e sim de exaltar o indivíduo consciente de seu próprio caminho. Exalta o homem que não vive o “acaso”, mas que é senhor da sua vida. “Quando alguém encontra algo de verdadeira necessidade, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa, seu próprio desejo e sua própria necessidade a conduzem a isso”(p.119).

“O impulso que te faz voar é o grade patrimônio humano, comum a todos”(p.127). Esse impulso,esse voar é a coragem que cada um deve ter para ser um homem verdadeiro,conhecedor de si.

Muitos por achar perigoso “renunciam de bom grado a voar e preferem caminhar,pela escala burguesa,apoiados nos preceitos legais”(p.127).

A vida é uma longa caminhada para dentro de si mesmo. Foi assim que viveu Emil Sinclair. Sempre lutando contra as influências externas que querem nos colocar no rebanho. Ele rebelou-se contra a unifomização e contra todos os processo de submissão do homem.

HESSE,Hermann. Demian. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Record, 2005. 187p.
(Retirando de http://nabilaraiana.blogspot.com/)