A criança e o universo lúdico




Cabe esclarecer que muitas vezes o significado dos jogos que a criança pratica apresenta um caráter defensivo e projetivo da sua realidade interior. É proposta pela psicanalista Melaine Klein uma similitude entre a atividade lúdica infantil e o sonho do adulto, e as verbalizações da criança ao brincar e a associação livre. Ou seja, a criança se apossa do universo lúdico para alívio de tensão/ satisfação de seus desejos e para domínio da realidade traumática através de elaborações projetivas. Na brincadeira se exteriorizam os jogos internos, sendo essencialmente um meio de prazer pela manipulação da angústia, ou seja, uma descarga pulsional. Dessa forma, a brincadeira é passível de interpretação e, assim, colocada como uma técnica a ser utilizada para alargar os limites da possibilidade de verbalização da criança e acompanhar a precariedade do uso da palavra e a tendência à ação, características do comportamento infantil. Assim, o brincar é uma alternativa de comunicação dos conflitos e desejos da criança. É uma linguagem e, portanto, algo a ser “escutado“.