Bert Hellinger

A Alienação Parental, tema cada vez mais discutido no meio jurídico, ou mesmo psicojurídico, toma uma dimensão diferenciada por Bert Hellinger. Impactante e interessante, resolvi aqui postar. Acompanhando situações jurídicas como perita judicial e também como assistente técnica, o texto de Hellinger se mostrou muito interessante, abrindo um novo olhar sobre a questão, provocando a elaboração dos sentimentos envolvidos nesta questão familiar tão delicada. Isto porque a tendência em casos de Alienação Parental é a situação se arrastar por anos, provocando muito sofrimento a todos os envolvidos, em especial às crianças que se vem no meio de uma guerra entre os pais.

"Bert Hellinger, em Um Lugar para os Excluídos, retoma com Gabriele Ten Hövel, seus diálogos iniciados há 10 anos com a publicação de "Constelações Familiares". O autor narra com detalhes fatos inéditos de sua vida. Ao mesmo tempo, esclarece o caminho que o levou a suas principais descobertas, relata a evolução recente de seu trabalho sistêmico e responde às críticas levantadas ao seu trabalho no espaço cultural alemão."

"Os densos diálogos em "Um Lugar para os Excluídos" iniciam o leitor nos cinco círculos do amor e aprofundam a visão de Hellinger sobre temas importantes como o equilíbrio nas relações humanas. Consciência e culpa, reconciliação e paz."

Segue trecho do Livro de Bert Hellinger em parceiria com Gabriele Ten Höevel, em "Um Lugar para os Excluídos":

"O pai não precisa lutar mais"
Sobre a alienação dos filhos


- O senhor soube da sentença recente do Tribunal da Constituição Federal que o marido que duvida de sua paternidade não tem o direito de pedir um teste genético sem o conhecimento da mulher? O que o senhor acha disso?

A idéia de que com isso se protege a família é bem estranha.

- Afirma-se que essa medida protege o direito de personalidade da criança.

E, o direito de personalidade da mulher contra a realidade. Essa é uma profunda injustiça contra todos. É uma idéia insensata e, ainda por cima, foi convertida em lei! Eu me pergunto: como é que a criança ficará mais tarde?
Como filha de outro pai?

Principalmente quando souber que aquele que paga por ela não é o seu verdadeiro pai. Como se sentirá ela, como se sentirão seus filhos? Não se pensa absolutamente nas consequências. O teste é o único recurso do pai para confirmar sua paternidade. Às vezes é preciso brigar. Seria o último recurso para se obter justiça.

- Como pode encontrar paz um homem que foi assim enganado?

Ele deve dizer à criança: "É por você que faço isso". Então fica em paz, é
livre e preserva sua dignidade.

Seria um grande feito.

Certamente, mas seria a solução.

- Por outro lado, existem muitos pais que são enganados sobre sua paternida de. Às vezes são também mães que perdem os seus filhos. Um dos genitores toma os filhos e os aliena do outro, conscientemente ou não. Isso chega a um ponto em que a criança não quer mais ver o outro genitor - e aquele que conserva as crianças apoia isso, às vezes também o aplaude.

A criança sempre se decide da forma que convém àquele que tem o poder sobre ela. Ela não pode proceder de outra maneira, senão estaria em peri go, mas ela fica mal e guarda raiva por muito tempo contra a mãe ou contra o pai, se foi ele o responsável por sua alienação. Quem aliena a criança não ganha nada com isso, mas muitas vezes isso ainda não passou pelo sofrimento. Há coisas que só podem mudar depois que foram bastante sofridas.

- Os pais que lutam contra isso ficam, às vezes, muito desesperados. O que o senhor diz a eles?

Que digam à criança: "Estou sempre presente para você - isso você precisa saber - mesmo que eu não possa ver você agora. Continuo sendo seu pai e estou aqui para você. Você pode confiar em mim." A criança se tranquiliza,e o pai já não precisa lutar, apenas aguardar. Ao mesmo tempo, ele diz à criança: "Eu concordo com a sua mãe e concordo com o destino que ela é para você. Ela continua sendo a mãe certa para você e eu a respeitarei sempre. Você pode ficar com sua mãe enquanto ela precisar e enquanto você precisar dela." Então a criança fica aliviada.

- Mas o senhor mesmo diz que isso é difícil para a criança. Ela carrega um grande peso. Isso exige que se lute, para poupar-lhe coisas más.

A luta não leva a nada. Para a criança é difícil, não resta dúvida, mas ela cresce com isso. Não se pode lamentá-la. Quando alguém de fora vem e diz: "Pobre criança!" isso é mau para ela. A criança não é pobre, pois ela tem esses pais e, aconteça o que acontecer, ambos pertencem ao seu destino, ao seu desafio, mesmo ao peso que ela carrega - até que ela aceite isso e então cresça nisso e para além disso.

- Isso é muito difícil para a maioria dos pais homens. Soa para muitos de modo fatalista. Eles perguntam: "Devo simplesmente assistir a como se rouba a infância de meu filho?". E eles lutam.

A luta os coloca no mesmo nível da mulher. A criança fica esmagada no meio disso. "A criança me pertence!"? - Não, mas "Você não pertence a mim, você pertence a si mesma, mas eu sou o seu pai. Não reivindico você, mas você pode me ter. Para mim você é meu filho e eu sou o seu pai." Essa é uma solução maravilhosa e simples, boa para todos.

- E quando é muito difícil para os pais ficarem contentes com esta solução?

Então ainda podem dizer à criança: "Tenho ainda algo importante a lhe dizer: eu amei muito a sua mãe."

- O senhor exige muito das pessoas.

Isso é amor, amor verdadeiro.

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