Os pais amam mais um filho do que outro?





Se você perguntar para qualquer mãe, que tenha mais de um filho, qual deles ela ama mais a respostas é unânime: "Amo os dois igual, cada um do seu jeito". Mas será que isso é verdade ou realmente existe um favorito?

O recente livro que está dando o que falar "The sibling effect: what the bonds among brothers and sisters reveal about us" ou algo como "O efeito fraternal: o que as relações entre filhos revelam sobre nós", conta como o autor, Jeffrey Kluger, foi afetado na infância pelas predileções dos pais pelos irmãos.

(...)

Portanto, os pais devem estar atentos quando realizam tarefas em comum, ou partilham dos mesmos "hobbys" com um filho e esquece de criar laços com o outro. Uma ótima dica que a psicóloga Ana Pozza nos dá é a seguinte: "Reconhecer as afinidades e diferenças poderia ser uma boa proposta terapêutica para as famílias para auxiliar no processo de amar e do conhecimento mútuo, no lugar de preferir e dar privilégios mais a um do que a outro. Afinal, são filhos esperando serem amados por seus pais."

Alessandra Vespa (MBPress)

Leia mais em: http://vilamulher.terra.com.br/os-pais-amam-mais-um-filho-do-que-outro-8-1-55-751.html

Divórcio Emocional

“Um divórcio emocional completo jamais será possível, especialmente quando há filhos envolvidos. Na medida em que precisamos lidar com um ex-cônjuge, antigas conexões e reações emocionais são novamente despertadas. Entretanto, é essencial trabalhar o processo de tornar-se menos reativo, em termos emocionais, ao comportamento do ex-cônjuge, e eventualmente obter uma visão do casamento e do divórcio que não culpe o cônjuge por tudo, nem torne a pessoa uma vítima inocente. Para um divórcio emocional adequado, é necessário reaver do casamento o senso de eu e os objetivos pessoais de vida, e reinvestir expectativas no próprio eu.”

Fredda Herz Brown

Brown, F. H. "A Família Pós-Divórcio", no livro:
Carter & McGoldrick, As Mudanças no ciclo de vida familiar. POA: ArtMed, 1995 p. 324

Dicas para evitar o mau comportamento fora de casa


Por Caroline Belleze Silvi (MBPress)
Do site Vila Mulher:
http://vilamulher.terra.com.br/dicas-para-evitar-o-mau-comportamento-fora-de-casa-8-1-55-701.html


São cada vez mais comuns casos de pais que deixam de lado a vida social por conta do mau comportamento dos filhos. Idas aos restaurantes e reuniões com os amigos se tornam coisas do passado.

Para a psicóloga Ana Pozza, se os pais não conseguem deixar as regras e limites claros às crianças ao ponto delas conseguirem afetar a vida social dos pais, é preciso estar atento para ver o que realmente está acontecendo.

"Uma criança chata, reclamona, constantemente chorosa, agressiva e perturbadora está expressando que algo não vai bem com ela ou mesmo com sua família".

"Às vezes, sem querer, a criança acaba servindo de recurso para impedir a vida social dos pais que não estão se relacionando bem. "Ou seja, como os pais não conseguem resolver essa situação entre si, ela os ajuda complicando a vida social deles. E assim, infelizmente, eles não olham para o real problema, o qual teria relação com a vida a dois. O problema se torna a criança. Mas não se deve esquecer que os filhos são reflexo dos pais e do ambiente familiar", alerta.

Muitos pais têm dúvida se devem ou não chamar a atenção do filho na frente dos familiares ou amigos, mas Ana explica que sim. "Se o filho é agressivo ou perturba os colegas, imediatamente, os pais devem tomar uma atitude. Ver o que está acontecendo, ouvir o que dizem, prestar atenção".

Se a criança for maior, em torno dos seis, sete anos, a psicóloga diz que é possível deixar para ter uma conversa mais longa em casa. "Mas no momento em que ocorre a má atitude e um adulto está observando esta cena, se deve intervir, sem ser agressivo, mas protegendo e ensinando a boa atitude. Ser permissivo é uma forma de a criança entender que não há problema em se comportar mal."

A psicóloga diz que os motivos desses comportamentos podem ser uma dificuldade dos familiares em colocar limites e até de manifestarem a afetividade entre si. "A criança que recebe afeto, cuidados, atenção e orientação tende a se comportar bem onde quer que esteja, principalmente porque quer ser um bom filho. Sabe que se comportando assim será recompensada com afeto", diz

E ressalta: "Colocar limites é dizer ao filho até onde ele pode ir, é expressar o quanto se preocupa com ele e que ele está protegido. Maus comportamentos demonstram o quanto estão precisando de limites e de atenção. Em casos mais graves, é preciso se investigar e ver o que está ocorrendo, se há problemas familiares, psiquiátricos ou neurológicos envolvidos."

Para evitar essas situações constrangedoras e, ao mesmo tempo, para instruir a criança, a doutora dá algumas dicas a serem seguidas:

- Seja também um pai de bons comportamentos. Os filhos tendem a imitar o comportamento dos pais;

- Seja afetivo e carinhoso ao educar e ensinar bons hábitos e princípios de vida;

- Esteja atento ao filho e procure entender e compreender o que está acontecendo para que ele se comporte da forma como tem feito;

- Aceite que os filhos são reflexo dos pais e do ambiente em que vivem e que o seu comportamento pode ser uma sintomática de outros fatores;

- Não permita que a insistência, a birra e a desobediência sejam atitudes que resolvam as situações, ou seja, tenha claro os limites e as regras para não ceder à pressão dos filhos;

- Saiba que dizer "não" é uma forma de cuidado e proteção à criança, um fator delimitador que a ensina até onde pode ir na sua interação com o mundo;

- O pai observando que se sente culpado ao colocar limites ao filho deve procurar as razões que o fazem sentir desta forma, uma vez que a permissividade pode ser uma forma de alimentar os maus comportamentos dos filhos;

- Converse frequentemente com os filhos sobre os seus comportamentos, procurando ensinar e instruir. Uma vez que a criança não nasce sabendo, vai atuar com os recursos que tem e ainda de acordo com a sua faixa etária;

- Seja amoroso e carinhoso sempre que possível com os filhos, precisando ser firme sem ser violento ou agressivo;

- Se necessário, procure ajuda especializada no processo de educação dos filhos

Os desafios da Conjugalidade




"Dois parceiros nunca correspondem nem satisfazem completamente um ao outro: sempre é assim na natureza. Os seres vivos nunca estão totalmente em harmonia com o seu 'nicho': apenas têm que procurar adequar-se a ele o suficiente para poderem sobreviver. O mesmo acontece com dois parceiros: sempre construirão a realidade de modo diferente. Determinante é se os construtos pessoais são ou não compatíveis entre si. Essa diferença pesa muito na 'dor de amor'. No entanto, as tensões resultantes de opiniões diferentes dão sabor à relação; na verdade, é isso que faz com que a história de uma relação seja aventurosa, incompatível e única, mas também pode resultar daí um aspecto trágico, porque as possibilidades de compreensão entre parceiros sempre estão limitadas. Muitas das potencialidades evolutivas não podem ser realizadas numa relação a dois. Cada qual evolui em um domínio tolerado pelo outro, pelo qual os dois estão sempre negociando entre si e lutando juntos. Encontrar compromissos e saídas exige um ato de criatividade. Afastar-se e depois reaproximar-se faz correr riscos, mas também torna viva a relação."

Jürg Willi em: A construção diádica da relação. Do livro: O casal em crise.

Fabricio Carpinejar, no Café Filosófico

De que modo reagir em famílias formadas com filhos de pais ou mães diferentes, meio-irmãos, guarda partilhada, casais homoafetivos, amigos conselheiros, avôs jovens? Como combinar rigor com liberdade? Como educar a criança no meio da ausência de papéis fixos? Funcionou a substituição da imposição de limites pela importância dos exemplos?

Carpinejar, autor de “Meu Filho, Minha Filha”, comenta a evolução dos laços familiares, discute o movimento contra a alienação parental, o excesso de cobrança feminina, a tendência do homem em querer agradar a atual esposa acima de todas as coisas, o condicionamento de comportamentos filiais pela culpa, a tirania da criança, a carência que mantém a dependência, a fragilidade que vem do excesso de proteção e o impacto da psicanálise na exposição dos problemas em casa. Como referência, usará o filme Kramer vs. Kramer, de 1980. A intenção é discutir os resultados da emancipação paterna desde 1979.

Confira em:

Intimidade é uma delícia

Dizem que intimidade é uma palavra que tem significado diferente para homens e mulheres. Para os homens, ela seria sinônimo apenas de proximidade física: a possibilidade de tocar, tirar a roupa e transar. Para as mulheres, a palavra refletiria algo inteiramente subjetivo. Significaria a possibilidade de ser compreendida de forma profunda e emocional, com conotações de cumplicidade e acolhimento.

Com base nos meus próprios sentimentos e no comportamento dos homens com que eu tenho convivido, não acho que exista tamanha diferença. Nem a noção masculina de intimidade é inteiramente destituída de sutileza nem as mulheres são completamente alheias ao teor físico e sexual da intimidade. Mas há uma diferença de ênfase. Os homens parecem mais preocupados em obter proximidade física, enquanto as mulheres priorizam algum tipo de contato afetivo e emocional.

Esses, porém, são clichês que nem sempre correspondem à realidade. Lembro de uma moça com quem eu saí algumas vezes que preferia transar com gente estranha. “Informação demais”, ela dizia, “me atrapalha”. E há homens que não se sentem seguros em ir para a cama com uma mulher sem antes criar uma zona de conforto afetivo por meio do conhecimento e do convívio.

Dito isso, eu acho a intimidade essencial e imensamente prazerosa. Todos os tipos. Conversar intensamente com uma mulher, por exemplo, não é apenas um meio para se chegar à intimidade física. É um prazer em si mesmo. Algo que os homens deveriam fazer com menos pressa e com mais cuidado. Desfrutar da intimidade afetiva de uma mulher é um privilégio que frequentemente tem conotações eróticas, embora possa jamais tornar-se físico. É prazer sem sexo, assim como existe sexo sem prazer.

Ivan Martins

Leia mais em:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI184322-15230,00.html

A felicidade é um direito?

"Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande."

ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista.

Brinquedos: quando a quantidade dá lugar à qualidade



Por Juliana Falcão (MBPress)
http://vilamulher.terra.com.br/brinquedos-quando-a-quantidade-da-lugar-a-qualidade-8-1-55-664.html



Quarto de criança sem brinquedo é estranho, não é? Mas diante de um mundo tão capitalista e consumista, como identificar o exagero? É possível definir uma quantidade certa de objetos para que os filhos possam realmente brincar e criar um vínculo saudável?
Não há fórmula mágica. Mas quem precisa perceber que passou dos limites sãos os pais, uma vez que a criança é a parte mais prejudicada diante do excesso de brinquedos. Ela passa a ficar ansiosa por não saber como aproveitar todos eles.

"O filho recebe um brinquedo e já fica esperando o próximo. Com, isso, o elo e o zelo que muitos pais tinham com seus brinquedos passam a ser características inexistentes nas crianças de hoje", comenta a psicóloga e psicoterapeuta familiar Ana Pozza.
A ansiedade da criança não se deve apenas à dificuldade em administrar a imensa quantidade de brinquedos, mas em retribuir aos pais na mesma moeda. "Isso acontece muitas vezes quando há um combinado, ou seja, a criança só recebe um brinquedo se alcançar tal objetivo. Em determinados momentos essa medida é importante para impor limites e dar noção de responsabilidade, mas o presente não precisa ser sempre uma moeda de troca", alerta. "Em alguns casos ela pode ficar até depressiva, caso não alcance o objetivo pré-estabelecido".

A especialista afirma que essa quantidade desmedida de brinquedos tem a ver com os tempos atuais. Os pais não têm mais tempo de brincar com os filhos e tentam diminuir a culpa com bens materiais. Só que com isso, deixam buracos na educação da criança, tornando-a consumista e birrenta.

"Antes de dar tudo para a criança, o ideal é conversar com elas sobre a importância do brinquedo que tanto querem. Estabeleça uma data especial - aniversário, Natal ou Dia da Criança - para dar o presente. Elas vão desejar tanto o mimo, que quando o receberem terão um apego diferenciado, vão cuidar melhor dele", sugere. Outra forma de reduzir o lado consumista da criança é estimular a doação. Ou seja, se ela quiser um brinquedo novo terá que se desfazer de um usado.

Dra. Ana Pozza lembra também que o excesso não está somente no número de brinquedos, mas também na quantidade de estímulos provocados por ele. "Eles tiram o ‘faz de conta’ e não aguçam a criatividade dos pequeninos, fazendo com que o interesse se perca mais facilmente. Uma boneca que anda e fala, por exemplo, impede que a menina ‘dê vida ao objeto’, invente seus movimentos, fale por ela, recrie por meio da boneca o que ela o mundo em que vive", defende. "Até um quarto bagunçado limita o desenvolvimento da criança. Ela não acha o que quer, larga um brinquedo, pega outro e não cria relação com eles".

Você não é perfeito

"Por que desejamos (e raramente conseguimos) ter um corpo irretocável, um casamento de novela e um emprego de sonhos? A resposta pode estar na forma como nos relacionamos com o mundo à nossa volta"

Confira esta matéria da Revista Vida Simples:

Reflexão para uma vida equilibrada

"Conheço pessoas que se gabam de nunca ter tirado férias. Chegam muito cedo ao trabalho e são as últimas a deixar a empresa. Será que elas têm uma vida familiar equilibrada? Será que têm capacidade mental para decidir com tranquilidade e equilíbrio? Será que sabem da importância do relaxamento e da meditação para a criatividade e a inovação? Será que estão dando o melhor de sua inteligência e de sua vontade para a construção do futuro da empresa, a satisfação dos clientes, o bem-estar e o desenvolvimento da sociedade em que vivem? Não serão apenas ativas e pouco produtivas?

Temos que nos reeducar para que voltemos a pensar, cismar e questionar se o que estamos fazendo é realmente o que deveríamos estar fazendo. Precisamos desenvolver uma enorme disciplina para parar, nem que seja por alguns instantes. Parar para pensar. Parar para colocar as coisas nos devidos lugares em nossa mente atribulada por tanta informação.

É preciso ter disciplina para que a inteligência comande nossos atos, e não o tempo, as emoções ou os apelos da mídia.

Será que tudo isso que você está fazendo, com tanta urgência e desespero, é o que você deveria estar fazendo?"

Luiz Marins, antropólogo - na Revista Voe, abril 2011

Filhos Tímidos: Como agir?




Por Juliana Falcão (MBPress)
http://vilamulher.terra.com.br/filhos-timidos-como-agir-8-1-55-602.html

Esconder-se atrás dos pais, não se relacionar com outras crianças e não falar nem o próprio nome para pessoas que não conhece são algumas características da timidez. E é justamente na fase de socialização que este problema se torna mais evidente.

Estudos apontam que a timidez pode sim ser algo genético, mas é importante lembrar que não é uma doença e dá para ser tratada com ajuda de psicólogos.

Uma criança tímida provavelmente não vai se tornar o adulto mais popular e extrovertido da turma, mas isso não significa que seu filho passará a vida toda retraído.
Para a psicóloga e psicoterapeuta familiar, Ana Pozza, em certos casos, a timidez se faz presente desde o berço. "Devemos analisar como a criança reage aos estímulos de um adulto e qual o comportamento dela ao receber um brinquedo. Se ela ficar apática, pode ser que seja tímida", explica.

Na fase de socialização, outros sinais aparecem. "Ela passa a não querer ir à escola, não quer sair de perto da mãe, não quer conversar com a professora nem mesmo ir ao banheiro e fica sempre quieta, num canto, sem se relacionar com os amiguinhos", conta Dra. Ana. "Há ainda crianças que se relacionam muito bem com pessoas da idade e que na presença de um adulto se calam ou vice-versa. Este comportamento também pode estar relacionado à timidez".

Quando os pais também sofrem desse desconforto ou são superprotetores contribuem para que a criança apresente sintomas de timidez, pois a cercam de cuidados excessivos e, consequentemente, de medos. "Ao mesmo tempo, pais exigentes, que forçam o filho a fazer o que não gosta, também ajudam a desencadear o problema", acrescenta a psicóloga.

A timidez pode aumentar ou diminuir, tudo depende da assistência dada à criança. Forçá-la a ter amigos ou a frequentar eventos sociais, ou ainda, fazer comparações e exigir que ela seja igual ao coleguinha, por exemplo, são atos que contribuem para o aumento do problema. Cada criança tem seu tempo e é essencial saber respeitar seus limites. "As crianças tímidas e introspectivas costumam ser muito observadoras, o que não deixa de ser uma qualidade", aponta Dra. Ana.
E afirma: "Um erro grave que os pais cometem com frequência é falar pela criança, terminar as frases por ela. Ou contar na frente de outras pessoas que ela não se comunica porque é tímida. Atitudes como essas desestimulam os pequenos e pode causar insegurança nelas."

Por outro lado, os pais passam a ajudar a criança quando criam um diálogo com ela, a estimula a conversar sobre qualquer assunto. Outra ação positiva citada pela psicoterapeuta é ajudar o filho a montar um círculo de amizades, levando-o para conhecer outras crianças do prédio ou do bairro onde mora. "Dentro das escolas, uma medida interessante é escolher a criança tímida para ajudar a professora. Dessa forma, você incentiva a socialização dela".

Dependendo da idade da criança, uma forma de melhorar a comunicação é motivá-la a fazer as mesmas coisas que os amiguinhos fazem. Um exemplo dessa ação vem de outros países. Lá fora é mania trocar Silly Bandz, umas pulseiras de borracha de diferentes formatos. Essa prática é comum entre os pequenos de seis e sete anos, fase em que eles passam mais tempo interagindo com os colegas e são influenciadas pela propaganda.

Apesar de ser um modismo, Dra. Ana apoia a ideia. "Dessa forma a criança tem a sensação de pertencimento, de ter igual aos outros. Quando ela não participa de atividades como essa, se isola e se sente diferente, aumentando os sintomas de timidez e a abertura para fazer amigos".

Para tratar da timidez, a especialista recorre à terapia familiar. Isso porque, segundo ela, não adianta tentar mudar o comportamento do filho se os pais também não se propuserem a fazer o mesmo. "Conversamos com todos, criamos condições para que a criança se desenvolva. E afima: "Muitas vezes, a timidez é consequência do meio em que a criança vive", diz Dra. Ana.

Como preservar os filhos na hora da separação


Por Juliana Falcão (MBPress)

Aceitar o fim de uma relação não é tarefa fácil para ninguém. Antes das coisas chegarem a este nível, houve uma série de ações e doações por parte do casal que subiu ao altar com intuito de compartilhar uma vida feliz e cheia de promessas.

E quando há crianças envolvidas nessa quebra de laços, é preciso ter cuidado para não feri-las, uma vez que elas normalmente não têm uma relação direta com a situação.

Por mais que o amor e a compreensão entre o casal cheguem ao fim, é preciso ter a consciência de que a saúde desse filhoprecisa ser preservada. "A relação entre esses pais pode ter acabado, mas em nome da criança e do amor a ela, é preciso manter o diálogo equilibrado", alerta a terapeuta infantil Daniella Faria.

A especialista garante que este momento não fácil para nenhuma das partes, mas a criança é a mais afetada. Por não ter o discernimento necessário para encarar a situação sem traumas, ela sofre tanto ou até mais do que os pais. "A intensidade desse sofrimento vai depender da postura dos pais, de como eles vão se relacionar com o filho a partir dessa nova condição de vida".

Em casos de separação amigável, a criança é considerada a peça mais importante e todos passam com leveza por essa fase. Há casos de crianças que até acham legal essa nova condição de ter duas casas, dois quartos. Mas quando esse desenlace é conturbado, o filho pode sofrer com asíndrome da alienação parental, que é quando um genitor passa a criticar o outro, deixando o filho no meio de um fogo cruzado. "Nesse caso ocorre uma inversão de papéis. A criança entra em estado de alerta, deixando de viver sua vida para cuidar do pai ou da mãe. Ela presta atenção em situações que não são da alçada dela", explica Daniella.

Ana Pozza, psicóloga e psicoterapeuta familiar, revela que há casos de filhos que passam por este problema de alienação parental e sentem um vazio de identidade, por terem crescido com uma imagem do pai ou da mãe que não era verdadeira. "Numa separação, o prejuízo maior é afastar um convívio de um dos pais. É preciso que o casal tenha maturidade para lidar com a raiva e colocar o filho em primeiro lugar".

Para minimizar os traumas, o correto é que os pais pensem no bem-estar da criança. É preciso trilhar um caminho de amor por esse filho. Ela vai se formar, casar, ter filhos, e pai e mãe precisam estar equilibrados para compartilharem esses momentos tão importantes. "Os problemas conjugais precisam ser tratados de maneira paralela, mas o bem-estar da criança precisa ser compartilhado. Os papéis de pai e mãe não podem deixar de existir", aconselha a terapeuta infantil.

Ana acredita que, durante o processo de separação, se faz necessário o apoio psicoterapêutico. "Esta é uma experiência extremamente penosa. A semelhante à perda de um ente querido. E nessa hora os pais se deprimem e a criança fica sem cuidados", explica.

A especialista diz ainda que a idade da criança não influencia no grau de sofrimento. Segundo ela, tudo depende do momento em que a família está vivendo. "Para um filho que foi abusado sexualmente ou que presencia constantes brigas dentro de casa, a separação é um alívio. Porém, aquele que tem contato frequente com os pais, vai sentir muito mais o fim do casamento."

Não é possível traçar o futuro de uma criança que vivencia a separação dos pais. Porém um processo de desenlace mal resolvido pode incutir no filho a crença de que casamento não dá certo e que nunca se deve brigar. "Ao mesmo tempo, a história dela, a partir desse fato, pode contribuir para o amadurecimento das escolhas afetivas, tornando-a mais cautelosa na escolha de um parceiro", comenta Ana.

Mudança de comportamento

Em muitos casos, a criança que vivencia a separação dos pais torna-se tensa, triste, insegura,agressiva e pratica a inversão de papéis, uma vez que ela ingressa no mundo adulto quando ela deveria ser cuidada por ele. "Às vezes, o filho pode regredir no comportamento. Volta a fazer xixi na cama, reduz seu desempenho escolar e se apega demais à mãe", explica Ana Pozza.

Entretanto, independe dos sintomas, é muito errado tratar essas mudanças de comportamento como um problema. "Isso nada mais é do que um pedido de ajuda, pois é a forma que a criança encontra para expressar o que está sentindo. E quem identifica essas atitudes deve saber encará-las como um caminho que pode desvendar as necessidades desse filho", afirma Daniella.

Independente dos motivos que levaram à separação, o grande desafio desses genitores é manter o foco na saúde integral dos filhos. "Antes de iniciar uma briga, pense na criança. Poupe-a dessa situação. Ela não pode viver essa desconstrução dos pais", ressalta a terapeuta. "O processo de dissolução do casamento pode gerar brigas durante um longo período de tempo. E se o casal tiver a consciência de que o filho é a parte mais valiosa dessa relação, os desentendimentos tendem a se encurtar".

Ana Pozza lembra ainda que a criança não pode ser excluída da situação. Se os pais traçam o estereótipo da família feliz na frente dela e de repente anunciam uma separação alegando brigas e incompatibilidades, vão dar a ela a impressão de que viveu uma farsa. Isso porque, mesmo que os pais não se abram para o filho, ele sente que existe algo errado. Enquanto o adulto é capaz de nomear sentimentos e coisas, a criança usa a percepção sensorial para entender o mundo à sua volta.

"Obviamente há assuntos que só pertencem ao casal, mas a criança precisa estar ciente das mudanças. Abra o jogo, diga a ela, numa linguagem adequada, que vocês estão passando por dificuldades, mas que estão tentando resolvê-las", sugere a psicóloga. "O errado é incluí-la no processo com o objetivo de fazer com que ela resolva, faça a mediação do conflito. É o caso da mulher que tem receio de lidar com o marido a sós e decide desabafar na frente da criança. Isso é muito prejudicial."

Para Daniella, todo tipo de agressão ou briga dentro de um ambiente familiar gera um grande estrago nos adultos e nas crianças. Mas na hora da separação, a terapeuta ratifica que é necessário colocar os filhos em primeiro plano. "Ela precisa ter a garantia de que a separação é entre pai e mãe e não entre pais e filhos. Os genitores podem mudar seus valores por conta da separação, mas não deixar de cuidar dos filhos que é a parte mais importante. Se os casais começarem a pensar dessa forma, o diálogo entre pai e mãe vai se manter, uma vez que o amor pela criança passará a ser a base dessa relação".