Algumas sugestões para ajudar os pais




Seguem algumas dicas interessantes para ajudar os pais no processo de educação de seus filhos:

Os pais erram quando...

1. Supervisionam parcamente o que os filhos fazem
2. São pouco claros ou incoerentes na hora de impor regras
3. Mãe e pai discordam sobre o que o filho pode ou não pode fazer
4. Repelem a criança
5. Não participam ativamente das atividades do filho
6. Dão mais atenção à criança quando ela se comporta mal ou dá chilique do que quando age positivamente
7. Caem na armadilha da birra da criança e discutem sobre o cumprimento das regras
8. Ficam bravos, gritam e batem no filho quando ele desobedece
9. Dão carinho junto com o sermão

... e acertam quando

1. Falam com calma e consistência o que a criança deve fazer ou o que se espera dela
2. Deixam claro que a criança não vai conseguir desviá-los de seu foco na conversa
3. Convencem o filho de que as regras não vão mudar por causa do comportamento dele
4. Informam ao filho quais serão as consequências desse mau comportamento
5. Estipulam punições proporcionais aos atos desobedientes e relacionadas à regra descumprida


Fonte: Revista Época, no. 569, p. 66

Livre para comunicar

foto by Emerson Jacobina


"Um sistema de relacionamento 'aberto' é aquele no qual um indivíduo está livre para comunicar uma alta porcentagem de pensamentos internos, sentimentos e fantasias para outro, que é capaz de um comportamento recíproco. Ninguém tem um relacionamento completamente aberto com outra pessoa, mas um estado saudável se dá quando uma pessoa pode ter um relacionamento no qual um grau razoável de abertura é possível.

Uma boa porcentagem das crianças têm uma versão razoável disto com um de seus pais. O relacionamento mais aberto que a maioria das pessoas têm em suas vidas adultas é a relação conjugal. Após o casamento, na interdependência emocional da vida em comum, cada cônjuge se torna sensível às questões que desagradam o outro. Eles evitam instintivamente os assuntos sensíveis, e o relacionamento se transforma em um sistema mais 'fechado'. O sistema fechado de comunicação é um reflexo emocional automático para proteger o self da ansiedade da outra pessoa, embora a maioria das pessoas diga que evita os assuntos-tabu para não desagradar os outros.

Se as pessoas pudessem agir segundo o conhecimento intelectual ao invés do reflexo automático, e obter algum controle sobre suas próprias reações à ansiedade do outro, elas seriam capazes de falar dos assuntos-tabu a despeito da ansiedade, e o relacionamento alcançaria uma abertura mais saudável. Mas as pessoas são humanas, as reações emocionais operam como reflexos e, quando o individuo médio finalmente reconhece o problema, pode ser impossível para os dois cônjuges reverterem sozinhos o processo.

Este é o ponto no qual um profissional treinado pode funcionar como uma terceira pessoa para operar a mágica da terapia de família, no sentido de abrir um relacionamento fechado."


BOWEN, M. Cap 4: A reação da família à morte. In: WALSH & MCGOLDRICK. Morte na Família: Sobrevivendo às perdas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998, p. 106.

Famílias "diferentes", Famílias atuais


Por Bianca de Souza (MBPress)


As famílias estão cada vez mais versáteis. Elas podem ser compostas por homens e mulheres, cada um com seus respectivos filhos, por avós que criam seus netos como se fossem filhos ou ainda por casais homoafetivos e seus herdeiros adotivos.

Diante desta variedade de tipos de famílias, todas muito respeitáveis, é preciso preparar as crianças para conviver com coleguinhas de núcleos diversos. "Afinal ninguém quer e nem merece ser motivo de discriminação ou piada. As crianças de hoje vivem numa realidade social de grandes transformações", afirma a psicoterapeuta familiar de casal, adulto e adolescente Ana Pozza.

A psicóloga aponta que a criança moderna está inserida em uma nova realidade social, com a qual ela vem interagindo desde que nasceu. A facilidade para compreender ou se adaptar às novas formas de famílias vai depender do meio em que ela se encontra. "É preciso saber se estas questões são discutidas no ambiente escolar, se o olhar às diferenças é estimulado com foco no respeito e no amor e se os pais ou familiares ajudam a criança a amar as pessoas pelos que elas são", diz Dra.Ana.

Também é importante lembrar que a criança é um ser em desenvolvimento, que precisa dos adultos ensinando valores e princípios, ajudando-a a se adaptar às transformações da realidade em que ela está inserida. A terapeuta alerta: "Desta forma, pais que demonstram preconceitos e ideias conservadoras a respeito das novas configurações familiares, ou até mesmo das tecnologias utilizadas para a gestação de um filho (inseminação artificial), ou também adoção, tenderão a passar estes preconceitos aos filhos, dificultando assim a sua compreensão e adaptação."

Ana Pozza garante que antes de uma mãe pensar em como irá ensinar os filhos a respeitar estas diferenças é preciso que ela trabalhe estas questões dentro de si. Deve se perguntar: ‘como me sinto em relação a estas questões?’. "Procure leituras adequadas, converse com amigos e com profissionais e discuta o assunto com as pessoas, isso poderá ajudá-la a ampliar o seu olhar sobre isso. Se você já amadureceu estes assuntos e se sente tranquila a respeito dos mesmos poderá sentar e conversar com seu filho, procurando ouvir suas dúvidas a respeito", recomenda a psicóloga.

Também, segundo a terapeuta, é importante dizer à criança que o amor entre as pessoas do mesmo sexo pode existir. E, quando isso acontece, elas querem se casar e às vezes desejam ter filhos. "Você pode também explicar que alguns pais casam ou têm filhos e por algum motivo do mundo adulto eles desejam se separar ou viver em casas separadas e que isso jamais mudará o status de pai e mãe daquela criança", sugere Ana.

Se souber que seu filho zombou o destratou algum coleguinha, não permita. Converse com ele e reforce a importância de se respeitar as diferenças. "Os pais devem ensinar que ao agir assim, ele machuca, ofende e deixa o amigo triste", finaliza a terapeuta.

Maturidade, por Virginia Satir





Virginia Satir expõe em seu livro Terapia Familiar (1) algumas características que correspondem a uma pessoa madura (2). O desenvolvimento da maturidade e da habilidade social e comunicativa são objetivos do processo de psicoterapia individual ou familiar. Seguem as suas colocações:

Uma pessoa madura:

a. Manifestar-se-á claramente aos outros.

b. Permanecerá em contato com os sinais oriundos de seu self interno, permitindo-se assim, conhecer abstratamente o que pensa e sente.

c. Será capaz de ver e ouvir o que está fora de si mesma como diferenciado de si mesma e como diferente de quaisquer outras coisas.

d. Comportar-se-á em relação a uma outra pessoa como alguém separada dela mesma, com características únicas.

e. Considerará a presença da diferença como uma oportunidade para aprender e explorar, e não como uma ameaça ou sinal de conflito.

f. Lidará com outras pessoas e situações em seus contextos, mais em termos de “como a coisa é” do que em termos daquilo que ela desejaria que fosse ou esperava que fosse ser.

g. Aceitará a responsabilidade pelo que sente, pensa, ouve e vê, sem negá-la ou atribuí-la a outros.

h. Disporá as técnicas para negociar abertamente o dar, o receber e o apreender o significado entre ela própria e os outros.

(1) SATIR, V. Terapia de Grupo Familiar. RJ: Francisco Alves, 1978. P. 146

(2) Esta descrição da maturidade enfatiza mais as habilidades sociais e de comunicação do que a aquisição de conhecimento e a realização reconhecida, que, na opinião da autora, derivam das duas primeiras.